Sem exageros, nestes últimos anos ouço mais o termo “empreendedorismo” do que o “amo você”!

É incrível, mas percebo que a partir dos anos 90 iniciou-se um enamoramento por esta palavra. Muitos se casaram com ela, construíram um lar de concretização de sonhos e promoveram a tangibilidade do seu talento em produto, negócio, prestação de serviço e venda.

Com o empreendedorismo a carteira assinada é trocada pela flexibilidade de horários que são encaixados numa rotina de dever e prazer. O despertador não enfrenta aquelas brigas de tapas para calar seus sons, pois ele é acionado de acordo com uma agenda requerida e entendido por um privilégio. O trânsito, ele realmente existe e sabemos que se bobear o encontraremos na próxima esquina, mas no meio empreendedor é possível fazer ajustes e fugir das ruas naqueles horários caóticos. Chefes, alguns a gente não gosta, noutros a gente se inspira, mas, ao empreender, os chefes são os clientes, você é quem faz as regras do seu próprio jogo.

Certamente caro leitor, você deve imaginar que eu sou algum(a) empreendedor(a), não é mesmo? Mas, se enganou. Eu tenho carteira assinada, despertador tocando sempre no mesmo horário, enfrento trânsitos e já tive muitos chefes. E porque escrevo isso então? Porque começamos a empreender não a partir de um negocio próprio, mas a partir do modo como enxergamos a nossa própria vida e tudo que se relaciona com ela. O segredo da vida está em empreender vidas, começando pela sua.

A origem da palavra empreendedorismo vem de “enterpreneur”, de nacionalidade francesa que significa assumir riscos e fazer algo novo. E assim é a nossa vida, repleta de riscos que podemos encontrar no tropeçar de um tapete, e ao mesmo tempo, adaptável a todo o tipo de inovação, começando no corte de cabelo ou no novo estilo de música que decidiu apreciar. Para tudo que se empreende, há uma vida por trás, e a vida começa quando se nasce, seja ele um ser ou um produto.

O processo de gravidez é a aula mais linda sobre como ser um grande empreendedor. Podemos usá-lo como exemplo e metáfora. Para uma gestação acontecer é preciso o envolvimento de duas pessoas, ainda que neste mundo moderno, o outro seja o médico que fará uma inseminação. Ao criar um negócio, também será necessário compartilhar com alguém e montar uma equipe.

Saber e entender que pra tudo há um tempo também é um dos detalhes mais importantes, veja, antes de engravidar, você pode querer ter um filho, e embora você o deseje muito, ele não nasce no dia seguinte, minimamente demorará alguns meses para vir ao mundo, e ocorre o mesmo no processo de planejamento e criação de um novo produto. Não estará pronto no dia seguinte, pois assim como um bebê que tem o tempo certo para o nascimento, aquele produto também deve ter a hora de vir ao mundo.

O choro da criança nos indica sua chegada, e representa o contato com um mundo externo e um novo desafio. O nascer do primeiro filho faz nascer também a mãe e/ou o pai. Não existe fórmula e tão pouco receitas de como cuidar e criar um filho, bem como, para os seus negócios, por mais que você leia e estude muito, ele é algo tão seu e tão único, que só você vai saber a melhor maneira de tocar aquilo que trouxe ao mercado, considerando sempre a importância do aperfeiçoamento e sabedoria de ouvir experiências e aprendizados de outros.

Pois bem, a criança está no seu colo, você sorri, é o seu filho tendo um espaço no mundo, é o seu produto no colo de alguém. E então, os valores inerentes a sua identidade são passados para sua cria, o qual você ajudará e será o principal agente para esta vida ser sadia e com uma jornada de sucesso, ao perceber seu crescimento e desenvolvimento, você pai, poderá olhar para si mesmo e encontrar um empreendedor ainda que não tenha seu próprio negócio ou, se você o tem, poderá aplaudir o empreendedor que se tornou. Agora se você não está dentre estes dois cenários, não importa, pois o fato de estar lendo isso, mostra que você é detentor da sua vida e dela você pode empreender de várias maneiras para encontrar caminhos novos, que te permitam ser novo de novo e redescobrir outras formas brilhantes de viver. A vida é infinita dentro do finito, ela contém inúmeras possibilidades dentro das possibilidades, ela é encantadora em meio ao caos, porque sem o ele não é possível lembrar dos dias fantásticos que presenciamos.

Ela é cheia de riscos, mas o risco só existe para aquele que está vivo, que empreende a própria história e que por mais que não ouça tantos “eu te amo”, ao se reinventar pode encontrar um novo amor, uma nova emoção e um novo jeito de traduzir o tal “empreendedorismo”.