O termo “empoderamento” tornou-se muito popular na mídia, especialmente em debates raciais e de gênero. Contudo, a palavra não é uma particularidade dos movimentos sociais. Na verdade, de acordo com o pesquisador brasileiro Baquero, seu uso data do século XVI durante a Reforma Protestante de Lutero. Neste período, o vocábulo era utilizado de forma a incentivar a autonomia do indivíduo dentro da religião. É apenas na segunda metade do século XX que a expressão passou a ser utilizada para expressar a luta feminista e da população negra.

No Brasil, a palavra foi traduzida do inglês “empowerment” pelo educador e filósofo Paulo Freire, em sua obra Pedagogia de Libertação. O autor utiliza o termo para abordar uma teoria de ensino na qual o aluno se apropria do processo de aprendizagem e, assim, passa a ter um papel ativo na compreensão de novos conhecimentos. Portanto, “empoderamento” tem como sentido o ato de dar poder a alguém, mesmo que seja a si mesmo. No entanto, em relação ás lutas sociais existentes no país, a expressão foi rapidamente incorporada durante a atual quarta onda do feminismo e do movimento negro, devido ao uso da internet.

São chamadas de “ondas” os períodos em que determinadas reivindicações políticas e sociais ganham força e passam a ser mais discutidas, muitas vezes gerando mudanças fundamentais para a construção de um futuro mais igualitário. O feminismo reivindica os direitos das mulheres e a igualdade de gênero desde o fim do século XIX e só foi incorporar as pautas raciais em sua terceira onda, a partir de 1980. Atualmente, passamos pela quarta onda, na qual a palavra “empoderamento” tornou-se central na discussão sobre as mulheres terem domínio sobre as próprias vidas e os próprios corpos. Entretanto, o uso das redes sociais gerou uma oportunidade de conhecer realidades distintas, ampliando, assim, o conhecimento sobre outras formas de opressão sofridas por diferentes grupos. Logo, o termo passou a ser utilizado também nas lutas contra LGBTQ+fobia.

Contudo, não é apenas nas pautas políticas que o vocábulo aparece. Ele também pode ser usado em questões pessoais como uma ferramenta para que o indivíduo passe a ter autonomia. Dessa forma, pode-se obter o domínio sobre a própria vida. Ao adotar o empoderamento, é possível tomar atitudes baseadas no que será melhor para si, independentemente da opinião alheia. Assim, facilitando a realização de mudanças importantes para o aprimoramento pessoal. Porém, para alcançar a autonomia, é preciso reconhecer o próprio poder, assim como suas falhas. Somente assim, é possível colocar em ação o empoderamento individual.

Além disso, ato de dar poder a si próprio gera também mudanças no âmbito profissional. Uma pessoa empoderada reconhece seus pontos fortes, assim diminuindo o sentimento de inferioridade, frustração e o medo de errar. Por consequência, há uma melhora no rendimento pessoal, assim como um maior entendimento das próprias emoções e um melhor relacionamento com todos a sua volta.

Portanto, empoderamento deve existir nos mais diversos âmbitos da nossa sociedade, seja na vida privada ou na pública. Dar poder aos indivíduos é também falar sobre uma maior igualdade, uma vez que existem grupos mais privilegiados, ou seja, que já possuem poder, enquanto outros ainda não o detêm. É potencializar suas existências, permitindo, assim, que possam alcançar seus objetivos. Empodere-se!

 

Bibliografia:

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https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/10/06/A-origem-do-conceito-de-empoderamento-a-palavra-da-vez

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https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/viewFile/12203/9505

https://azmina.com.br/reportagens/feminismo-no-brasil/