A história do povo brasileiro contada nos livros escolares ou até mesmo na literatura especializada aparenta não atribuir nenhum feito significativo dos povos indígenas à cultura brasileira. Por serem vistos como indivíduos não civilizados, há aqueles que difundem a ideia de que os nativos são empecilhos ao progresso e ao desenvolvimento de políticas nacionais.
Apesar da importância para o Brasil, não é habitual pensar nos nativos com frequência. Na maioria das vezes, ficamos restritos a vê-los apenas em manchetes de jornais ou em reportagens durante o mês de abril. Entretanto, enquanto figura de construção do povo brasileiro, a cultura indígena está intimamente enraizada ao nosso dia a dia.
Segundo dados da Fundação Nacional do Índio – FUNAI -, desde a chegada da invasão portuguesa até os dias atuais, a população nativa sofreu diminuição de cinco milhões para 358 mil nativos, contabilizados os isolados, em via de integração e os totalmente integrados.
Na década de 1990 as Organizações das Nações Unidas debruçou-se sobre o reconhecimento e proteção dos direitos indígenas. Atualmente, tal apoio mostrou-se importante na proteção de riquezas estratégicas localizadas em áreas nativas ainda que com pouco reconhecimento da sociedade global e local. A megabiodiversidade preservada corresponde a 13% do território nacional e é vista como uma forte riqueza socioeconômica para o país.
A riqueza sociocultural também é alarmante, em analogia com muitos países latino-americanos. Segundo dados do IBGE (2010), no Brasil existem 305 etnias indígenas, destas 305 encontra-se em terras nativas e, 300 fora delas. Dados censitários do mesmo ano ainda identificaram 274 línguas, fora o português.
Após séculos de dizimação étnico-cultural, inúmeras contribuições do povo originário brasileiro sobrevivem: a estruturação da língua portuguesa no Brasil; a culinária com o açaí, guaraná, mandioca, cupuaçu; a medicina fitoterápica; a religião, e até simples costumes, como o de andar descalço e tomar banho três vezes ao dia, por exemplo.
Poucos países no mundo possuem esta vasta riqueza étnica. Apesar da imensa contribuição sociocultural, infelizmente, a consciência identitária coletiva ainda é de dissociar o eu-histórico da cultura indígena como se distintos fossem. Voltar os olhos aos indígenas é vislumbrar o tratamento dado ao nosso passado para tentar alçar respeito à ancestralidade não só agora, mas, também, às próximas gerações.
– Douglas Vinícius.
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