O homeschooling é amplamente difundido como a prática da educação domiciliar. Nesse modelo pedagógico de aprendizagem o aluno desenvolve suas habilidades cognitivas por intermédio dos seus genitores ou qualquer outro responsável, sem a intervenção de uma instituição de ensino propriamente dita.
No Brasil esse modelo educacional ainda não é amplamente legalizado como ocorre em países como Estados Unidos, França e Itália. Tal prática já foi muito debatida, quando, em 2018, o Plenário do Superior Tribunal Federal (STF) negou provimento à possibilidade do ensino doméstico ser considerado como meio de cumprimento, pela família, do dever de prover educação.
Embora marcado pela aparente flexibilização, o ensino doméstico não deve ser visto como sinônimo de ausência de estudos. Segundo informações da ANED – Associação Nacional de Ensino à Distância do Brasil -, mais de seis mil unidades familiares já praticam o homeschooling.
Pendem na balança argumentos daqueles que defendem a autonomia da unidade familiar versus àqueles que acreditam na responsabilidade estatal quando o assunto é educação. Apesar da controvérsia gerada, é fundamental conhecer os prós e contras do ensino em âmbito domiciliar, entendendo que as circunstâncias aplicadas a um determinado caso podem ser inaplicáveis a outros.
Vejamos alguns aspectos positivos:
- AUTONOMIA FAMILIAR: Entre os defensores prevalece a defesa da independência do seio familiar para dirimir o processo educacional de forma que se tenha total controle de conteúdo nos quais as crianças e adolescentes são submetidos;
- VIDA EDUCACIONAL INTEGRAL: Para aqueles que acreditam no homeschooling, os tutores familiares, nessa modalidade de ensino, participam de forma integral na vida educacional do aluno, contribuindo-lhe com valores que verdadeiramente considerem pertinentes;
- FORTALECIMENTO DOS LAÇOS AFETIVOS: Outro aspecto defendido consiste em conferir resguardo à família na condução e transmissão dos conhecimentos científicos, podendo despertar na criança sentimentos de inspiração e, consequentemente, fortalecimento dos laços de união e afetividade intrafamiliar; e,
- INSATISFAÇÃO COM A DEFASAGEM INSTITUCIONAL: Grande parte dos pais ou responsáveis que atuam na defesa do ensino doméstico tendem a desacreditar no papel da escola, seja pública ou privada, enquanto instituição de transmissão de conhecimento e convívio social pela ineficácia das políticas de gestão somada a má qualidade do ensino.
Vejamos aspectos dos que desacreditam no homeschooling:
- INCOMPETÊNCIA TÉCNICA E CURRICULAR FAMILIAR: Para muitos, a família, embora possa transmitir vivências e conhecimentos, não possui capacidade técnica especializada apta a dominar a matriz curricular correspondente às necessidades cognitivas do aluno de acordo a faixa etária que este pertença;
- AUSÊNCIA DE CONHECIMENTO E HABILIDADES PEDAGÓGICAS: A falta de domínio das áreas de conhecimento conforme o currículo escolar, somada a inaptidão ou dificuldade didática – referente à sistemática de transmissão no processo de ensino-aprendizagem -, é visto como forma impeditiva de assimilação dos conhecimentos técnico-científicos escolares;
- DESORDEM DA ROTINA PRÉ-ESTABELECIDA: A ausência de rotina pré-estabelecida é encarada como fator de desmotivação e, consequentemente, ausência de resultados satisfatórios de êxito na aprendizagem. Para aqueles que condenam a prática, esse fator define a ineficiência do senso de responsabilidade infantil; e,
- AUSÊNCIA DE CONVÍVIO SOCIAL EXTERNO: Para os pedagogos, a escola e a família, enquanto instituições sociais ocupam papéis distintos na vida da criança. O convívio social em âmbito escolar não pode ser aniquilado, pois, para estes, a sociedade não se baseia apenas na família. Além disso, há a defesa de que o ambiente familiar é restrito quanto à diversidade, já que o respeito às diferenças apenas se estimula a partir do convívio concreto com a diferença.
Vale ressaltar, que o evento pandêmico, inevitavelmente, inseriu grande parte dos alunos no universo do ensino digital trazendo à tona dificuldades práticas, que, se anteriormente adotadas e vivenciadas, não impactariam de maneira tão significativa ante o preparo e o domínio dos recursos. Os professores na pandemia trabalham mais, pais e crianças encontram-se psicologicamente cansados pelo excesso de demandas e informações tecnologicamente desconhecidas. Apesar de já ter sido discutido em momento anterior e por razões distintas das atuais, muito há que se debater e aperfeiçoar trazendo o homeschooling, agora, para as novas necessidades emergentes trazidas pela pandemia mundial.
Por Douglas Vinícius.
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