Já que a morte ainda é considerada um terreno desconhecido e, portanto, verdadeiro tabu para os seres humanos, nascem inúmeras teorias e fórmulas com o intuito de retardar a sua inevitável chegada. Quem não quer viver mais? Por que alguns vivem mais que outros? Qual o segredo da longevidade?

Existem vários seres do reino animal que apresentam “imortalidade biológica”, ou seja, célula ou organismo que em dado momento para de envelhecer. É o caso das bactérias, hidras e águas-vivas conhecidas por apresentarem aumento desprezível no índice de mortalidade à medida que sua idade cronológica avança, segundo o Manual da Biologia do Envelhecimento.

Uma pesquisa realizada pelo National Geographic (2004) mapeou cinco regiões do globo onde a possibilidade de um morador destas localidades alcançar o centenário é dez vezes maior do que outro indivíduo em outra região do planeta. Infelizmente, nenhuma delas está no Brasil.

Dan Buettner, responsável pela pesquisa, explica que as características locais dessas regiões, as quais nomeou de Zonas Azuis, são responsáveis diretamente pela longevidade de seus habitantes. Conheça tais regiões:

a) Okinawa (Japão): possui o maior número de população centenária mundial;

b) Icária (Grécia): é conhecida pela taxa nula de demência senil de seus habitantes. Estima-se que um terço de sua população alcançará os noventa anos;

c) Loma Linda (EUA): localizada no sul da Califórnia, os estudos apontaram que a religião é responsável pelo alto índice de longevidade do local por seguir rigorosos padrões de alimentação, rotina de descanso e exercícios físicos;

d) Sardenha (Itália): é uma pequena ilha no Mar Mediterrâneo que registrou a maior taxa de longevidade do mundo; e,

e) Nicoya (Costa Rica): conhecida pelo histórico de habitantes que ultrapassam os cem anos de idade.

Segundo Dan Buettner, As Regiões Azuis dispõem de uma série de práticas e costumes sociais em comum que nos servem de dicas para o dia a dia, se quisermos ter uns dias de vida a mais:

  1. Movimente-se: Nessas regiões do globo os habitantes não fazem atividade física nos moldes que nós realizamos. Mas, sempre se mantém em constante movimento nas atividades mais simples às mais complexas do cotidiano.
  2. Conecte-se: Independente de dogma ou religião, a conexão trazida pelo exercício diário da espiritualidade se mostrou uma forte característica em todas as comunidades integrantes das Zonas Azuis.
  3. Desenvolva Senso Comunitário: Esse aspecto também foi peculiar das comunidades longevas. Atividades em grupos foram consideradas um forte traço responsável por fortalecer as relações interpessoais entre os moradores dessas regiões. Em muitos locais, os habitantes afirmaram ter os mesmos amigos desde a infância até a terceira idade.
  4. Alimente-se bem: Outra peculiaridade curiosa partilhada entre as cinco comunidades é a dieta semelhante, apesar da distância geográfica entre elas. O consumo de carne mostrou-se raro. Em 2001, a Universidade de Loma Linda publicou um estudo que comprova que uma alimentação pobre ou isenta de gorduras de origem animal é capaz de prolongar em até dois anos a expectativa de vida de uma pessoa em idade adulta.
  5. Beba com moderação: O velho clichê mostrou-se eficaz enquanto variável da pesquisa. O consumo moderado de bebidas alcoólicas revelou prolongar expectativa de vida de um indivíduo em detrimento daqueles que têm consumo nulo de algum tipo de teor etílico.
  6. Tenha um Propósito: É aquela velha questão: o que te faz levantar todas as manhãs? Todos os moradores das Zonas Azuis souberam apontar algum tipo de resposta. Ter um propósito relevante de vida revelou ser responsável por seis anos de acréscimo na expectativa de vida local.

Outros aspectos ainda foram abordados na pesquisa, tais como: a interferência do pensamento positivo, tabagismo, fatores genéticos e padrões regulares de sono e estresse.

Dados do IBGE demostram que a pirâmide etária brasileira sofreu alterações estruturais significativas. A expectativa de vida do povo brasileiro passou de 66,34 anos na década de 90 para 75,46 anos no ano de 2017. Portanto, já estamos vivendo mais. Ainda, mesmo que o objetivo seja viver muito, o fundamental é se viver bem, além de compreender que o processo de envelhecimento biológico é intrínseco à condição humana.

 

– Douglas Vinícius.