Em 1963, nos Estados Unidos, Martin Luther King Jr. realizou seu famoso discurso “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho). Em sua fala, deixa explícito o desejo e a necessidade da igualdade racial no país, que vivia momentos de intensa segregação. As reivindicações da população negra geraram diversos movimentos na época, como os Panteras Negras e Malcon-X. Pastor cristão, Martin Luther King Jr. optou por utilizar a estratégia de não-violência e desobediência civil para combater o racismo presente nos Estados Unidos. Em 1968, o pastor é assassinado.
Cinquenta e dois anos depois, no dia 25 de maio de 2020, outra morte de um homem negro abalou o país novamente. George Floyd foi abordado por policiais, os quais o imobilizaram enquanto o oficial Derek Chauvin ajoelhava-se no pescoço de Floyd durante quase nove minutos, apesar dos protestos do abordado, que afirmava não conseguir respirar. O assassinato de George Floyd gerou uma onda de protestos contra a violência policial e o racismo nos Estados Unidos e no mundo inteiro.
As manifestações evidenciam a necessidade de debater como a sociedade ainda se utiliza da discriminação para manter sua estrutura, assim como a importância de discutir e elaborar medidas para combater a segregação. É visível que a desigualdade racial não é mais a mesma da qual estudamos nos livros de história. Atualmente, existem diferentes formas em que o racismo é exposto, seja através de vocabulários ou do assassinato da população negra ou da diferença salarial entre brancos e pretos, que colaboram para o empobrecimento e marginalização da comunidade afrodescendente.
No Brasil, a morte de João Pedro, de 14 anos, no Rio de Janeiro, também gerou uma onda de protestos, que se intensifica com a morte de outras crianças e adolescentes negras no país, como Aghata Félix e Guilherme Silva Guedes. A diferença entre as manifestações norte americanas e brasileiras evidencia as peculiaridades da segregação racial existente no Brasil.
Em 1888, a Lei Áurea determinou o fim do escravismo nas Américas. Contudo, a falta de uma política pública para a inclusão de ex-escravos como cidadãos brasileiros gerou uma profunda desigualdade entre brancos e negros no país. Já em 1930, o processo de embranquecimento da população através do incentivo da vinda de imigrantes para o Brasil aprofundou ainda mais a discriminação.
Atualmente, é possível perceber que o racismo está enraizado na sociedade brasileira, uma vez que é através dele que é construída a história e identidade do país. Portanto, para combater a desigualdade racial, é necessário questionar, debater e modificar as estruturas sociais e econômicas. Somente através de movimentos que contestem as configurações da sociedade construída por nós, será possível impedir mortes de jovens negros, a violência policial contra essa população e alcançar a igualdade. Apenas assim, poderemos tornar o sonho da equidade uma realidade.
“Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendermos a conviver como irmãos”. – Martin Luther King Jr.
Bibliografia:
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